O real brasileiro tem sido historicamente uma das moedas mais voláteis do mundo na última década, segundo nossa análise usando dados da Bloomberg – tanto em relação às principais moedas dos mercados desenvolvidos quanto dos mercados emergentes. Isso significa que o real pode ter grandes oscilações de valor em curtos períodos, afetando o valor dos investimentos em reais e em outras moedas.
A volatilidade do real em relação a outras moedas é alta. Desde 2020, a volatilidade da taxa de câmbio do dólar americano e o real (USD/BRL) tem sido acima da média histórica2: aumentou drasticamente com o início da pandemia de Covid-19 no Brasil e persiste até hoje, embora não tenha retornado aos níveis pré-pandêmicos.
Ao analisar a volatilidade anualizada de várias moedas nos últimos 10 anos, até o final de março de 2024, percebe-se que o real tem uma volatilidade historicamente superior. O risco associado ao real foi de 15.5%, enquanto o euro apresentou um risco de 7.4%, a libra de 8.5% e o iene de 9%, segundo dados de Bloomberg.
Mesmo ao comparar com moedas de países fortemente ligados a commodities, a volatilidade do real ainda é maior. O dólar australiano teve um risco anualizado de 10.1% e o dólar canadense de 7.7%. Além disso, ao examinar moedas da América Latina, como o peso mexicano (11.6% de risco anualizado) e o peso chileno (12.4% de risco anualizado), o real ainda se destaca por sua volatilidade mais alta.
No entanto, é importante notar que a volatilidade é apenas um componente do risco . A correlação entre ativos locais e estrangeiros, que pode ser positiva (movem-se juntos) ou negativa (movem-se em direções opostas), é crucial para entender o impacto da moeda no retorno dos investimentos. Ela mostra como as moedas do portfólio se relacionam entre si e com o real, ajudando a minimizar o risco total ao combinar ativos de movimentos distintos.
Usando os modelos proprietários da BlackRock, podemos avaliar vários fatores de risco, desde fatores macroeconômicos como taxas de juros e inflação até a exposição cambial. Por exemplo, estimamos que uma carteira 100% Ibovespa (índice da bolsa brasileira) tem risco atual de aproximadamente 25% e o S&P500 (índice da bolsa americana) de 19%. Já uma carteira 50% Ibovespa e 50% S&P500 teria risco total de 15.5%, ou seja, mais baixo que ambos o Ibovespa e o S&P500 isoladamente. Quando Ibovespa e S&P500 são combinados em uma carteira, o risco total se reduz por causa da diversificação, da correlacao negativa entre estes dois ativos.
A correlação também pode mudar ao longo do tempo a depender das condições do mercado e da política monetária. Por exemplo, entre janeiro de 2014 e janeiro de 2016, a correlação entre o Ibovespa e o S&P 500 foi negativa (-0.27)3, indicando que os dois mercados se moviam em direções opostas. Isso se deveu principalmente à forte desvalorização do real em relação ao dólar, que beneficiou as empresas exportadoras brasileiras e prejudicou as empresas importadoras americanas.